terça-feira, 22 de novembro de 2011

COLL, César; MONEREO, Carles. Educação e aprendizagem no século XXI: novas ferramentas,novos cenários, novas finalidades. COLL, Cesar; MONEREO, Carles. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre:Artmed, 2010. (p. 15 – 46) [Resenha] Cap.01

Ivanderson Pereira da Silva





O primeiro tópico intitulado “Tecnologia, sociedade e educação: uma encruzilhada de influências” está organizado em três subtópicos. O primeiro, intitulado “As forças da mudança”, os autores vão defender que  “o impacto das TIC na educação é, na verdade, um aspecto particular de um fenômeno muito mais amplo, relacionado com o papel dessas tecnologias na sociedade atual” (p. 15). Ou seja, trata-se da consequência do impacto das TIC na sociedade da informação (SI) que tem reflexos de ordem econômica, social, política e cultural. Defende ainda que “a internet não é apenas uma ferramenta de comunicação e de busca, processamento e transmissão de informações que oferece alguns serviços extraordinários; ela constitui, além disso, um novo e complexo espaço global para a ação social e, por extensão, para o aprendizado e para a ação educacional” (p. 16). Diante disto, e apoiado no trabalho de Shayo e colaboradores (2007) os autores vão identificar quatro grandes forças propulsoras da internet: “o desenvolvimento de economias globais, as políticas nacionais de apoio à internet, a crescente alfabetização digital da população e o melhoramento gradual das infraestruturas tecnológicas” (p. 16). Para se ter ideia da dimensão destas forças, os autores afirmam que “A facilidade para se comunicar e trocar informações, junto com a enorme redução de custos que isso traz consigo, vem ocasionando, por exemplo, que alguns países tenham passado diretamente de uma economia centrada na agricultura para outra baseada nas TIC” (p. 17).

No segundo subtópico intitulado “a evolução das TIC e das modalidades educacionais associadas”, os autores vão alertar inicialmente da não neutralidade das TIC.

Todas as TIC repousam sobre o mesmo princípio: a possibilidade de utilizar sistemas de signos – linguagem oral, linguagem escrita, imagens estáticas, imagens em movimento, símbolos matemáticos, notações musicais, etc. - para representar uma determinada informação e transmiti-la. Para além dessa base comum, contudo, as TIC diferem profundamente entre si quanto às suas  possibilidades e limitações para representar a informação, assim como no que se refere a outras características relacionadas à transmissão dessa informação (quantidade, velocidade, acessibilidade, distância, coordenadas espaciais e temporais, etc.), e essas diferenças têm, por sua vez, implicações do ponto de vista educacional. (p. 17).



Posteriormente, os autores vão traçar uma linha com três etapas que na concepção dos mesmos, são chave para compreender a evolução das TIC no tempo e seu impacto na Educação.

·         A primeira, dominada pela linguagem natural (fala e gestualidade), caracteriza-se pela necessidade de adaptação do homem primitivo a um meio adverso e hostil, no qual o trabalho coletivo era crucial e a possibilidades de se comunicar de maneira clara e eficiente se constituía em um requisito indispensável. A transmissão oral, como único sistema de comunicação, dependia de alguns requisitos essenciais: os falantes deviam coincidir no tempo e no espaço e precisavam estar fisicamente presentes; as habilidades que precisavam possuir eram principalmente a observação, a memória e a capacidade de repetição. Tais habilidades estão na origem de algumas modalidades educacionais e de alguns métodos de ensino e aprendizagem – a imitação, a declamação e a transmissão e reprodução de informação – muito úteis para fixar e conservar conhecimentos imprescindíveis não apenas para reproduzir  manter a separação entre os diferentes estamentos sociais que compõem uma sociedade altamente hierarquizada.

·         A segunda etapa represneta a clara hegemonia do ser humano sobre o restante das espécies ; não mais se trata apenas de sobreviver, mas de adaptar a natureza às necessidades humanas por meio do desenvolvimento de técnicas alimentares, de construção, de vestimenta, etc. Privilegiando, por exemplo, certas espécies animais e vegetais sobre outras por meio da agricultura e do pastoreio, e influindo desse modo, na seleção natural. Mais uma vez, a necessidade de registrar certos dados, como uma memória externa, e de transmitir e compartilhar com outros as informações, experiências, conselhos, etc., está na origem do nascimento da escrita, que, embora não exista a presença física dos interlocutores, requer certa proximidade, dado que primeiro os mensageiros e depois o correio postal não podiam cobrir distâncias muito grandes. Tanto a presença tiopográfica quanto o correio revolucionam a sociedade do momento e estão na base da progressiva industrialização da economia, da migração urbana e da formação de uma sociedade de massas. Na educação, essas tecnologias de comunicação encontram seus referenciais em um ensino centrado em textos e no nascimento dos livros didáticos e do ensino a distância, por correspondência. A partir desse momento, e até a época atual, a formação de uma mente alfabetizada, letrada, capaz nãoa penas de decodificar foneticamente os grafemas como também de compreender os conteúdos de maneira significativa para utilizá-los, tem sido, provavelmente, o principal objetivo da educação formal. Com a  chegada dos sistemas de comunicação analógica, primeiro o telégrafo e, posteriormente, o telefone, o rádio e a televisão, as barreiras espaciais foram rompidas definitivamente e a troca de informações em nível planetário passou a ser uma realidade. Os novos meios audiovisuais entraram nos centros educacionais, embora ainda no complemento da documentação escrita. Fala-se hoje da necessidade de promover uma alfabetização gráfica e visual, embora as tentativas sejam tímidas e seu impacto, ainda limitado. Isso ocorre, em grande medida, devido à fulgurante entrada em cena da linguagem digital e à possibilidade de as diferentes tecnologias existentes convergirem em um único sistema de codificação que, além disso, utiliza suportes mais confiáveis, mais fáceis  de transportar, mais econômicos e com maior capacidade de armazenamento. Fruto da nova tecnologia foram os primeiros computadores digitais, no fim da década de 1940, que encontrariam na corrente comportamentalista e suas máquinas de ensino analógicas um terreno fértil para o desenvolvimento da educação assistida por computador que, apesar das críticas recebidas , continua com boa saúde e presente em muitas aplicações edumáticas (educação + informática)atuais. Graças à interligação entre diferentes computadores digitais  e à internet chegamos, assim, sitrictu sentu, à Sociedade da Informação, que poderíamos definir como um novo estágio de desenvolvimento das sociedades humanas, caracterizado, do ponto de vista das TIC pela capacidade de seus membros para obter e compartiljar qualquer quantidade de informação de maneira praticamente instantânea, a partir de qualquer lugar e na forma preferida, e com um custo muito baixo. Neste momento, por outro lado, já estamos iniciando uma nova subetapa, caracterizada pelo desenvolvimento das redes sem fio e pela internet móvel, os quais podem tornar possível a velha utopia da conectividade total. (p. 18-20)



Os autores afirmam que são três etapas, mas só delimitam bem duas. A segunda e a terceira etapas parecem não ter uma delimitação muito bem traçada e se confundem. Após traçar essas etapas, os autores vão apontar um outro viés de evolução da internet, a partir de metáforas:

  • A metáfora da internet enquanto estrada (highway)
  • A internet como ciberespaço (cyberspace)
  • a utilização do adjetivo “virtual”para “fenômenos que ocorrem na rede, dado que, em algum sentido, eles emulam a outros semelhantes que ocorrem no mundo real: comunicação virtual, ensino virtual, aprendizagem virtual, trabalho virtual, comunidade virtual, etc.
  • Posteriormente, foram aparecendo novas metáforas que se inscreveram nesta última: uma nova polis ou infopolis, uma nova sociedade em rede , um novo território, um novo espaço pela qual viajar, ou telépolis, etc. (p. 21)



No subtópico intitulado “o contexto da mudança: algumas características da Sociedade da Informação que são relevantes para a educação” os autores vão “assinalar e comentar brevemente alguns fenômenos, tendências ou características que, de acordo com boa parte das análises feitas até agora, são próprios  da SI, ou adquirem especial relevância nesse marco, e que formam, no nosso critério, o pano de fundo da educação neste novo cenário” (p. 23)

  • A complexidade, a interdependência e a imprevisibilidade que presidem as atividades e as relações dos indivíduos, dos grupos, das instituições e dos países são, junto com a globalização ou mundialização da economia, características frequentemente atribuídas à SI;
  • Informação, excesso de informação e ruído. No entanto ponderam que “a abundância de informação e a facilidade de acesso a ela não garante, contudo, que os indivíduos estejam mais e melhor informados” (p. 22). Os autores vão afirmar que a possibilidade de acesso às informaçõe sé um grande avanço, mas sem uma busca eficaz, sem explorá-las bem, a simples possibilidade de acesso não garante nada;
  • A rapidez dos processos e suas consequências;
  • A escassez de espaços e de tempo para a abstração e a reflexão. Em decorrência da rapidez dos processos, carece-se de tempo para aprofundar as reflexões.
  • A preeminência da cultura da imagem e do espetáculo que se de um lado representa um ganho pelas múltiplas possibilidades de comunicar, por outro revela uma deposição da escrita e da leitura;
  • A transformação das coordenadas espaciais e temporais da comunicação. É possível comunicar síncrona ou assincronamente, seja com pessoas perto ou longe. Mas cria-se ai um paradoxo para com “o tempo pessoal, ou tempo vivido, dos interlocutores e o tempo durante o qual se tem acesso a informação comunicada” (p. 24)
  • A homogeneização cultural. Trata-se da globalização da cultura através da comunicação e da troca  global.
  • O surgimento de novas classes sociais: os “inforicos” e os “infopobres”.



O tópico intitulado “A influência da internet: novas ferramentas, cenários e finalidades educacionais”, está organizado em seis subtópicos. Na parte introdutória do tópico, os autores vão apresentar três abordagens sobre o estudo da interação entre humanos e computadores:

  • Estudo do impacto do uso das TIC sobre os processos cognitivos do aprendiz-usuário (abordagem cognitiva) – foco nas interfaces, estudos experimentais sobre eficácia da interação computador – ser humano, modelos de usuários, critérios de usabilidade.
  • Estudo das variáveis relativas ao contexto educacional no qual acontece a aprendizagem (abordagem sociocognitiva) – de produtos a processos em pesquisa e design, de indivíduos a grupos, do laboratório ao local de trabalho, dos novatos aos especialistas, da análise ao design, do design centrado no usuário ao envolvimento do próprio usuário no design;
  • Estudo de contextos de atividade social, além dos especificamente orientados à educação (teoria da atividade) – para além do ambiente laboral, aprendizagem, jogo, lazer, para além do mundo adulto: as crianças e os jovens como autores e designers, para além da realidade virtual: computadores ubíquos, para além das ferramentas passivas: tecnologias persuasivas, para além da interação computador-ser humano: interação com Web adaptativa;



No subtópico intitulado “Novas ferramentas”, vão apontar três conceitos como sendo pilares das novas ferramentas: adaptabilidade, mobilidade e cooperação. “Em um mundo em que as distâncias são cada vez mais reduzidas, as fronteiras desaparecem e os grandes problemas são compartilhados, cresce a mobilidade das pessoas, aumenta a heterogeneidade das comunidades e torna-se patente a necessidade de trabalhar conjuntamente para resolver problemas comuns. A educação é obrigada a enfrentar essa situação e fala-se em escolas inclusivas (que tentam satisfazer a diversidade de necessidades educacionais de seus alunos), de educação não formal e informal (para aproveitar as oportunidades que a sociedade atual oferece para a educação e formação das pessoas e de aprendizado colaborativo e cooperativo (com a finalidade de tirar proveito dos conhecimentos e habilidades dos diversos membros de um grupo para satisfazer objetivos comuns” (p. 26).

No subtópico intitulado “Da acessibilidade e usabilidade à adaptabilidade” os autores vão afirmar que “o desafio agora é que os programas sejam capazes de se transformar em um alter ego para o aluno – ou para uma equipe de trabalho –, auxiliando-o de modo personalizado em suas tarefas graças à possibilidade de “aprender” com suas ações, omissões e decisões; estamos falando dos chamados “agentes artificiais” (p. 26). Os autores defendem ainda a autoria na mão dos próprios usuários. “Esta corrente, que coloca o usuário na posição de produtor e difusor de conteúdos, é conhecida com o nome de Web 2.0, em contraposição à perspectiva anterior de Web 1.0, que conferia ao usuário um papel de mero consumidor relativamente passivo” (p. 28).

No subtópico intitulado “Do e-learning ao m-learning”, os autores vão afirmar que “a progressiva miniaturização das tecnologias, junto com o desenvolvimento de plataformas móveis e da conexão sem fio, permitirão que os alunos possam continuar avançando em sua formação tendo acesso, a qualquer momento, por meio de seu celular, de agendas eletrônicas, computadores de bolso ou de outros dispositivos, a documentos, portfólios, fóruns, chats, questionários, webquests, weblogs, listas de discussão, etc. O m-learning ou ‘escola nômade’, segundo o termo cunhado por P. Steger, abre imensas possibilidades para se empreender trabalhos de campo, trocar reflexões, analisar conjuntamente atuações profissionais que estejam ocorrendo neste mesmo instante ou para integrar em um trabalho de equipe pessoas geograficamente afastadas entre si” (p. 28).

No subtópico intitulado “Da competição individual à cooperação” os autores vão defender que “a maioria das atividades humanas socialmente relevantes incluem um trabalho em grupo. Assim, ser competente, em sua dupla acepção de que uma tarefa ou responsabilidade compete a alguém e de que alguém é competente para realizar uma tarefa ou assumir uma responsabilidade, dificilmente pode ser considerado como um atributo exclusivamente individual, independente da competência de outros que estejam, direta ou indiretamente, envolvidos na situação e influindo e condicionando processos e produtos. Tradicionalmente, contudo, na educação formal e escolar, demonstrar a própria competência significa mostrar que se é competente em comparação ao resto dos aprendizes da mesma turma, da mesma escola ou do mesmo nível educacional, o que geralmente se traduz em entrar em competição com os demais, às vezes de maneira muito explícita e outras de maneira mais encoberta” (p. 28).

No tópico intitulado “Novos cenários”, os autores vão sinalizar a ubiquidade das tecnologias e em especial do computador. Ponderam que “não se trata de pôr a pessoa dentro do mundo fictício gerado pelo computador, mas de integrar o computador ao nosso mundo humano” (p. 31). Após considerar as implicações desta ubiquidade para o campo da educação os autores vão finalizar este tópico afirmando que “no médio prazo, parece inevitável que, diante dessa oferta de meios e recursos, o professorado abandone progressivamente o papel de transmissor de informação, substituindo-o pelos papéis de seletor e gestor dos recursos disponíveis, tutor e consultor no esclarecimento de dúvidas, orientador e guia na realização de projetos e mediador de debates e discussões” (p. 31).

No tópico intitulado “Novas finalidades” os autores vão inicialmente apresentar duas visões acerca da relação entre o que se conhece e a questão do emprego fixo. Após considerar, vai trazer a seguinte provocação: “quais são as competências que, neste novo cenário, deverão adquirir e desenvolver as pessoas para poder enfrentar, com garantias de êxito, os processos de mudança e transformação que estão ocorrendo?” Como resposta, os autores vão considerar três:

·         Ser capaz de atuar com autonomia;

·         Ser capaz de interagir em grupos socialmente heterogêneos;

·         Ser capaz de utilizar recursos e instrumentos de maneira interativa;

Cabe considerar no entanto que “nem tudo o que é tecnologicamente viável é pertinente em termos educacionais. E poderíamos acrescentar que nem tudo que é tecnologicamente viável e pertinente em termos educacionais é realizável em todos os contextos educacionais” (p. 33).

Consideram ainda que “está amplamente documentado, que escolas dotadas com os últimos avanços em ferramentas, infraestruturas e softwares de TIC frequentemente desenvolvem práticas educacionais cujo nível é muito baixo” [...] Assim, uma escola, uma equipe docente ou um professor com muitos anos de experiência, com sólidas concepções objetivistas e com práticas eminentemente transmissivas, provavelmente acabarão utilizando as TIC para complementar as aulas expositivas com leituras exercícios autoadministráveis na rede, mas dificilmente farão uso destas para que os estudantes participem em fóruns de discussão, trabalhem de maneira colaborativa ou procurem e contrastem informações diversas sobre um determinado tema. (p. 33). Para fechar o tópico os autores concluem: “A chave, portanto, não está em comparar o ensino baseado nas TIC com o ensino presencial, tentando estabelecer as vantagens e inconvenientes de um ou de outro. Em vez disso, melhor seria pesquisar como podemos utilizar as TIC para promover a aquisição e o desenvolvimento das competências que as pessoas precisam ter na era do conhecimento” (p. 34)

O último tópico, intitulado “Linhas emergentes e seus desafios” está organizado em três subtópicos que enfocarão ferramentas, cenários e finalidades prospectivas acerca de “estudos das mudanças provocadas pelas situações educacionais baseadas total ou parcialmente no uso das TIC” (p. 34). No subtópico primeiro intitulado “Ferramentas previsíveis”: da Web 1.0 a Web 3.0”, os autores vão traçar um panorama geral das características da Web 1.0 que consiste na “forma de perceber a internet como um imenso repositório de conteúdos ao qual os usuários podem acessar para procurar e baixar arquivos, corresponde, por assim dizer, à infância da rede” (p. 35). Já “a expressão Web 2.0 começou a ser utilizada a partir de 2001 [...]. A rede não é mais apenas um espaço ao qual ir para procurar e baixar informação e todo tipo de arquivos. Além disso, começa a incorporar e coordenar informação proveniente das mais diversas fontes, como peças de um enorme quebra-cabeças, relacionando dados e pessoas e facilitando uma aprendizagem mais significativa por parte do usuário. O mash-up, a mistura de recursos e conteúdos com a finalidade de construir ambientes mais ajustados às necessidades e desejos de um usuário ou de um grupo de usuários, passa a ser uma estratégia habitual de uso da internet. O software “se abre” (open software) e se liberta (free software) e os usuários passam a ser os verdadeiros protagonistas de seu próprio crescimento e sofisticação. [...] A anexação de conteúdo alheio denomina-se sindicação de conteúdos. Junto com essa potencialidade, existe outro mecanismo tão simples quanto poderoso, a folksonomia, termo utilizado para referir-se à organização colaborativa da informação em categorias a partir de uma série de etiquetas ou palavras-chave (tags) propostas pelos próprios usuários. [...] a Web 2.0 abre perspectivas de sumo interessa-se para o desenvolvimento de propostas pedagógicas e didáticas baseadas em dinâmicas de colaboração e cooperação” (p. 35-36). Por fim, os autores vão tecer suas considerações acerca da Web 3.0 ou “Web semântica”. “A Web semântica é uma visão da internet cuja proposta é de que a informação possa ser compreensível para – e não apenas localizável e acessível – os computadores, e isso com a finalidade de que eles possam realizar exatamente as mesmas tarefas que os humanos e não se limitem apenas, como realmente fazem agora, a armazenar, buscar, encontrar, processar, combinar e transferir informação. [...] a Web 3.0 se anuncia como uma base de dados global capaz de proporcionar recomendações personalizadas para os usuários diante das perguntas do tipo: a partir das minhas características psicológicas, físicas, culturais, orçamentárias, etc., o que eu deveria visitar nesta cidade? Em que curso de pós-graduação seria conveniente que eu me matriculasse no ano que vem? Que tipo de plano de aposentadoria eu deveria contratar? E outras dúvidas como essas” (p. 37).

O subtópico intitulado “Cenários educacionais prováveis: educação sem paredes” os autores vão falar sobre “novos cenários educacionais que se abrem aos nossos olhos e que questionam o ponto em que exatamente começa e termina a ação de escolas e professores. [...] tudo aponta na direção de que podem acabar surgindo três cenários paralelos e claramente interdependentes.

·         Em primeiro lugar, salas de aula e escolas cada vez mais “virtualizadas” ou seja,, com mais e melhores infraestruturas e equipamentos de TIC e com projetos pedagógicos e didáticos que tentarão aproveitar as potencialidades dessas tecnologias para o ensino e a aprendizagem.

·         Em segundo lugar, uma expansão das salas de aula e das escolas para outros espaços (bibliotecas, museus, centros culturais, etc.) nos quais será possível realizar, com o apoio das TIC, atividades e práticas com finalidades claramente educacionais – e provavelmente seja este o cenário que terá um maior desenvolvimento em um futuro próximo, como consequência do impacto das ferramentas e aplicativos próprios da Web 2.0 (weblogs, wikis, webquests, portfólios virtuais, folksonomias, etc.).

·         Em terceiro e último lugar, um cenário global e onipresente, uma espécie de “megaescola” na qual a ubiquidade das TIC e o desenvolvimento das tecnologias móveis e da sredes sem fio tornarão possível o aprendizado em praticamente qualquer lugar e situação. (p. 39)

O último subtópico deste capítulo, intitulado “Finalidades potenciais: entre o neoliberalismo e os movimentos sociais” vai trazer em suas linhas, os aspectos negativos das TIC e uma tentativa dos autores de apontar soluções, no entanto, tal tentativa fica nitidamente no plano das possibilidades. Para os autores,

  • As TIC e a internet não apenas têm uma importante parcela de responsabilidade nesta situação, como estão, com muita frequência, no centro do debate. Assim, por exemplo, em alguns círculos, são cultivadas posturas – as quais de nossa parte, não duvidamos em qualificar como maniqueístas e pouco realistas – que apresentam as escolas como instituições obsoletas que concentram todos os males, e as TIC e a internet como o remédio capaz de acabar com esses males e de refundar a instituição escolar. Com as TIC seria possível, finalmente, fazer com que o mundo real entrasse nas salas de aula e nas escolas e basear a aprendizagem dos alunos na indagação e na criatividade. Por trás dessas posturas, frequentemente se escondem, em nosso juízo, os interesses de grupos econômicos que aspiram a criar novos consumidores e a usurpar, de passagem, o poder que, embora enfraquecido, continuam tendo os sistemas de educação formal. Avivando sentimentos de incompetência e desesperança entre o professorado, os alunos e suas famílias, esses grupos esperam à espreita, que as escolas adotem “soluções extremas” alheias às finalidades da educação escolar, sem perguntar-se sobre o sentido e o alcance dessa opção. (p. 40)

  • Outra frente de debate   são as diversas “brechas digitais”, as distâncias que, surgem na Sociedade da Informação entre os “inforicos” e os “infopobres”, entre os países e os setores da população que têm acesso a um uso construtivo, enriquecedor e criativo das TIC e aqueles que não têm acesso a elas ou que as acessam apenas como consumidores. (p. 40)
  • Promovem uma comunicação de baixa qualidade, basicamente apoiada em textos escritos;
  • Restringem as comunicações emocionais, complexas e expressivas;
  • Potencializam as relações sociais superficiais e as vezes favorecema  irresponsabilidade e a falta de compromisso;
  • Permitem a agressão verbal, o insulto e os diversos “ismos” (racismo, sexismo, etc.);
  • Tendem a propagar e reforçar um saber mais instável, profano e mundano (infoxicação);
  • Descrédito da escola como instituição legitimada para conservar, criar e transmitir do conhecimento e à proposta de substituí-la por ambientes e professores virtuais por meio do uso generalizado das TIC;
  • Falta de compromisso pessoal e social que, segundo se afirma, as TIC e a internet, às vezes, têm como efeitos colaterais;
  • Riscos de que as TIC e a internet favoreçam o isolamento, potencializem o flaming e permitam esconder, manipular ou usurpar identidades;
  • Consequências negativas derivadas do excesso de informação e aos perigos da “infoxicação”;
  • “Brechas digitais” e o aparecimento de novas fraturas sociais em torno das TIC.



Por fim os atores vão trazer as referências, um glossário com a definição para os conceitos de Aprendizagem eletrônica móvel (m-learning), folksonomia (folksonomy), Globalização, Formação mista (Blended Learning ou B-Learning), Rede semântica, Tecnologia ubíqua (ubiquitous technology), e Virtual. Traz ainda sugestão de alguns textos para leituras complementares.

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