segunda-feira, 14 de novembro de 2011

MONEREO, Carles; FUENTES, Marta. Ensino e aprendizagem de estratégias de busca e seleção de informações em ambientes virtuais. COLL, César; MONEREO, Carles (orgs.). Psicologia da Educação Virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010. (p. 346 - 365) [Resenha].Cap-17



Ivanderson Pereira da Silva

O texto está organizado em dois tópicos, sendo o primeiro, organizado em cerca de dez subtópicos. O texto vai enfocar a busca e seleção de informações na internet como sendo um dos maiores desafios da Sociedade da Informação.
Os autores entendem por “Estratégias de busca da informação”, um “conjunto de atividades intencionais de busca em um espaço documental amplo com o fim de localizar um determinado documento” (p. 364). Por “estratégia de exploração da informação” os autores entendem um “conjunto de atividades intencionais de busca no espaço correspondente a um único documento” (p. 365). Para Carles Monereo, no cenário contemporâneo, a inteligência não é determinada pela capacidade de memorizar e armazenar informações. A memória humana está estendida, está nos computadores, está na internet. Ser inteligente está diretamente associado a saber, onde e como encontrar a informação relevante. Isto parece apontar para um tipo específico de competência, resultante da organização de um conjunto de estratégias, e que para isso, é necessário se alfabetizar informacionalmente. Por exemplo: “para comprar uma passagem de avião mais econômica, para encontrar uma oferta de trabalho mais apropriada ao nosso perfil ou para contatar uma pessoa, é preciso contar com as habilidades necessárias para isso ou nossas alternativas de desenvolvimento vital diminuirão” (p. 346)
O primeiro tópico intitulado “Necessidade, importância e impacto social da busca e seleção de informações” está organizado em dez subtópicos. O primeiro subtópico intitulado “Buscar para sobreviver” os autores vão apresentar o problema que vai nortear o capítulo “Será que também cumprem seu papel à altura os agentes buscadores, ou seja, os estudantes, profissionais e pesquisadores que mergulham na rede procurando pela melhor informação para alcançar seus objetivos?”. Os autores vão defender que é preciso então, “formar os estudantes em estratégias e competências de busca de informação em ambientes virtuais” e vão afirmar que “um buscador eficaz, seria o aprendiz (aluno, profissional, pesquisador) capaz de enfrentar com sucesso os principais desafios de um mundo informatizado, nas duas acepções do termo: digitalizado e baseado na informação” (p. 346)
Os autores vão apontar seis características deste desafio:
  • Quantidade de informações na Internet;
  • Atualidade da Informação;
  • Certeza ou veracidade da informação;
  • A qualidade desta informação;
  • Compreensibilidade da informação;
  • Consumibilidade, utilidade ou grau de usabilidade da informação.
No subtópico intitulado “Antecedentes: da busca centrada nos documentos ou na tecnologia à busca centrada nos processos psicológicos do buscador” os autores vão apontar duas visões acerca do processo de busca e recuperação da informação:
  • Um dos precursores da busca documental, Calvin Mooers, a quem é atribuída a paternidade da noção de recuperação de informação – information retrieval –, afirmava, em 1950, que o problema da busca documental consistia em encontrar a informação em um depósito de documentos a partir de uma especificação correta dos temas contidos nesses documentos;
  • Um olhar diferente seria proporcionado muito depois, por Miranda Lee Pao, em 1989, e sua definição da busca de informação como “(...) o ato a partir do qual se identifica e recupera uma informação relevante e precisa em resposta a uma consulta dada e se põe à disposição do usuário, ou seja, de quem gerou a consulta, no momento exato e da maneira mais adequada”. (p. 348)
No entanto, para os autores, em ambos os modelos propostos – apesar do segundo sugerir uma ampliação do primeiro – existe a necessidade de “incluir também as competências, estratégias e processos que o agente desencadeia em cada situação, ou seja, os componentes psicológicos da busca” (p. 349)

No subtópico intitulado “Estado da questão: revisão de marcos teóricos, conceitos fundamentais e linhas de pesquisa: os modelos psicológicos de busca de informação”
  • Modelos baseados nos produtos da busca: “se caracteriza por focar as diferentes fases e operações de busca com base no gerenciamento de textos e documentos, ou seja, estritamente nos produtos da busca. São propostas surgidas no fim da década de 1980 e o início da de 1990, cujas ideias referem-se principalmente à busca em meios e suportes tradicionais, e não à busca em meios e redes telemáticas como a internet. Talvez este fato explique a tendência desses modelos em entender a busca como um conjunto linear, não recursivo, e a julgar a avaliação do processo de busca como uma fase decisiva deste.” (p. 349)
  • Modelos baseados nos processos de pesquisa: “inclui os modelos que consideram o processo de busca e seleção como subsidiário de qualquer processo de pesquisa, ou até mesmo sua espinha dorsal. São modelos propostos principalmente no fim da década de 1990 e que já consideravam a busca na internet. Possuem várias características singulares: dão muita importância à elaboração de um bom plano de busca que oriente o processo e os conhecimentos prévios sobre o tema; defendem uma contínua revisão desse plano, com uma expressa avaliação dos resultados intermediários que vão sendo obtidos e do próprio processo de busca; finalmente, destacam a necessidade de transferir os dados obtidos e a importância da comunicação e divulgação de resultados, visando a que o trabalho reverta sobre a própria comunidade científica”. (p. 350)
  • Modelos baseados nos processos psicológicos dos buscadores especialistas: engloba os modelos que baseiam sua proposta nos processos cognitivos e metacognitivos que os especialistas desenvolvem quando buscam informação, especialmente em redes como a internet. São contribuições mais recentes, realizadas a partir do final da década de 1990 até hoje, cuja principal referência é a busca na internet.

O subtópico intitulado “Rumo a um modelo psicoeducacional estratégico de busca de informação”, os autores vão afirmar que “atuar estrategicamente na condição de buscador de informação significa interpretar adequadamente as chaves do contexto de busca com a finalidade de tomar as decisões que possam contribuir para selecionar os dados mais pertinentes à consulta realizada e, em resumo, à tarefa que se pretenda completar.” Diante desta definição, os autores vão apresentar um modelo integrador caracterizado em três traços essenciais: (i) é centrado em um usuário-aprendiz; (ii) enfatiza a tomada contextualizada de decisões mais do que a execução de operações teoricamente corretas; (iii) Embora esteja em condições de realizar outras situações de pesquisa, orienta-se especialmente à busca em redes telemáticas como a internet.
O modelo proposto está estruturado em seis fases:
  • Fase I – Análise da consulta: é o momento em que se questiona “Para quê e o que se procura?” e “O que se sabe sobre o que se procura?”. A resposta para essas questões pode ser superficial ou aprofundada.
  • Fase II – Planejamento da busca: “Onde se deve procurar?” “Como se deve procurar?”.
  • Fase III – (Auto)regulação da busca: “Quais documentos se deve selecionar?” “Que informação se deve extrair?”
  • Fase IV – Avaliação do produto: “A informação responde à consulta e à tarefa?”
  • Fase V – Avaliação do processo: “como utilizar a informação selecionada?”
  • Fase VI – Exploração do resultado: “Há necessidade de uma nova busca?”

Trata-se pois de um ciclo. Após fazer a apresentação do modelo integrador de busca, os autores vão apresentar o tópico final intitulado “Linhas emergentes e desafios da busca de informações”. Defendem que é preciso (i) otimizar as ferramentas de busca; (ii) dar tratamento aos conteúdos que circulam na internet e ao estudo de novas maneiras de “mapear” ou estruturar essa informação para facilitar a tarefa do agente buscador; e (iii) promover a alfabetização informacional (e-literacy) dos usuários e portanto, à possível inclusão das competências e estratégias de busca no currículo escolar.
Alfabetização informacional, para os autores é um “conjunto de conhecimentos relativos a quando e por que a informação é necessária, onde encontra-la, como avalia-la, utiliza-la e comunica-la de maneira apropriada” (p. 364).
Após apresentar essas três considerações, os autores vão apresentar exemplos de programas de alfabetização informacional promovidos em diversos países do mundo, um glossário com as definições para Alfabetização informacional; Busca efetiva; Busca eficaz; Estratégias de busca de informação (searching); e Estratégias de exploração da informação (Browsing) e uma relação de links para mais publicações que aprofundam a leitura sobre o assunto.

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